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Ipanema sabor a beijo


Um beijo é espaço,
espaço cor terra,
cor nuvem,
cor de água, cor de ar,
espaço preto pra muitos sonos,
um espaço branco pra toda neve,
pra toda música.

Pra trás ficou o amor
que não tinha lugar pra um beijo,
mas em Ipanema,
eu vi,
a amendoeira de teus olhos,
incenso,fragância,pele canela,
onde molhei meus lábios,
com um tenro orvalho da noite.

Teus pés nus na areia
desenhavam o mel,
do carnaval de tuas cadeiras extinguidas,
com um beijo duro,
com um beijo suave,
onde as estrelas batiam
e foi preciso
ir descubrindo com fome e sem guia
seu paraíso herança
de hortelã latente
em meus lábios.

Pra mim, pra você,
se abriu aquele gozo
como a única
rosa,
acendemos e apagamos o mundo,
você ficou no escuro:
eu segui caminhando
aqueles caminhos soltos,
sem vestuário,sem ir e vir,
deixei pra trás o crepúsculo,
a dor e o amor
entre as folhas da terra.

Macena,verão longe
lua de mel magra,
entre nós dois a mesma praia,
Ipanema que fugiu
roendo os lábios,
convidando ao esquecimento
de tua fragância açucena
de beijos,
ácidos e azuis.

Mauricio Iraheta Olivo.

Al español

Un beso es espacio,
espacio color tierra,
color nube,
color de agua, color de aire,
espacio negro para muchos sueños,
un espacio blanco para toda la nieve,
para toda la música.

Atrás quedo el amor
que no tenía lugar para un beso,
pero en Ipanema,
vi
el almendro de tus ojos,
incienso fragancia de piel canela,
donde moje mis labios,
como un tierno rocío de la noche.

Tus pies desnudos en la arena
dibujaban la miel
del carnaval de tus caderas extinguidas,
con un beso duro,
con un beso suave,
donde las estrellas latían,
y fue necesario
ir descubriendo con hambre y sin guía
tu terrenal herencia
de menta latente
en mis labios.

Para mí, para ti,
fue abierto aquel gozo
como la única
rosa,
encendimos y apagamos el mundo,
tu quedaste a oscuras:
yo seguí caminando los caminos
suelto, sin ropa, sin ir y venir,
deje atrás el crepúsculo,
el dolor, y el amor
entre las hojas de la tierra.

Marcela, verano, lejos
luna de miel delgada,
entre nosotros dos la misma playa,
Ipanema que huye
royendo los labios,
invitando al olvido
de tu fragancia azucena
de besos,
ácidos y azules.

Mauricio Iraheta Olivo.

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